sábado, 29 de setembro de 2012

Inconsciente a serviço do ballet e da fotografia


por Marcio Braz

Alerta aos descuidados: esse post não é exatamente sobre ballet.

Sim, as imagens são de ballet, mas o post é sobre psicologia humana... ou seria psicose??

Ok, ok, certo, também não vou falar sobre arquétipos e inconsciente, porque esse não é o objetivo do blog e, principalmente, porque, dada minha expertise no assunto, eu ia acabar misturando Freud com a velocidade do obturador e ia virar uma confusão generalizada. Então vamos lá....

Em pouco tempo descobri as vantagens psíquicas de se ter uma câmera na mão, um teclado pra soltar o verbo e pessoas com quem discutir e compartilhar ideias. Se, às vezes, para mim, é impensável fotografar quando o astral não está bom, por outro lado, às vezes, sinto que a arte é o espaço ideal para expressar e discutir inquietações e ideias.

Penso que, se no dia-a-dia, na vida prática, as teorias de administração nos recomendam reduzir riscos,
planejar ações, calcular o retorno esperado, no espaço criativo, a história é bem diferente! Uma ideia que luta pra sair do convencional precisa de mais riscos, mais ousadia.

Bailarina: Luiza Hesketh
Foto: Marcio Braz
Local: SMU


As ideias precisam de, eu diria, um pouco de destempero combinada com improviso. E, só assim, dando certo ou não, como por acidente, um banheiro pode virar palco, e o espelho, o espectador com o aplauso perfeito.



Bailarina: Patricia Maia
Foto: Marcio Braz
Local: Estação, Lago Sul


Creio que somente pressionando os nossos limites e desafiando a nós mesmos é que conseguimos nos conhecer e crescer, como profissionais e como pessoas.

Amante do sono bem dormido, sempre sonhei muito... digo: dormindo mesmo. Sejam sonhos fantásticos ou pesadelos terríveis, essas realidades imaginárias sempre me divertem no horário de "descanso". Direto do inconsciente, essas imagens são um prato cheio e vívido para a produção fotográfica. Tenho um anseio muito grande de tentar retratar um pouco disso, apesar de saber que as dificuldades técnicas são muitas.

De qualquer forma, aos poucos, tenho sentido a necessidade de transformar minha fotografia em algo mais intimista, mais expressivo, mais próprio.... não sei o que isso representa exatamente, mas sei que significa mudança.



Bailarina: Patrícia Maia
Foto: Marcio Braz
Local: Estação, Lago Sul

Por outro lado, creio que a diversidade das imagens que temos produzido demonstram um pouco do caldo cultural, mental e psicológico que é formado quando temos um trabalho de arte coletivo.

Se temos algumas fotos lúdicas, talvez elas decorram do estado de espírito em que se encontrava a bailarina que teve a ideia naquela semana.


Bailarina: Maíra Brito
Foto: Marcio Braz
Local: L4 Sul

Se temos fotos com uma atmosfera mais intensa, talvez elas decorram da interação do fotógrafo com o lugar... e que influenciou sua visão naquele instante, ainda que registrando um mero alongamento.


Bailarina: Luiza Hesketh
Foto: Marcio Braz
Local: SMU

Há, ainda, aqueles locais da nossa cidade que muito significam para uma ou outra pessoa. O local perfeito para um pode ser absolutamente desprezível para outro. Enfim, são diversos os fatos que afetam e conduzem à produção de uma determinada imagem.

E, é claro, há também  aqueles instantes capturados quase que ao acaso nos ensaios. Momentos fugazes eternizados que surpreendem e falam por si.


Bailarina: Patrícia Maia
Foto: Marcio Braz
Local: Lago Sul

Talvez, esse seja o grande diferencial do Bailarinas do Cerrado. Entre outros projetos de fotografia de
ballet existentes no mundo, a diversidade tipicamente brasileira está estampada em nossos cenários,
cores, estilos.... ideias.


Bailarina: Giselle Duarte
Foto: Marcio Braz
Local: 406 Sul

E assim seguimos, tentando equilibrar os anseios, sonhos e pesadelos, as buscas individuais e coletivas, e ainda tentando retratar não apenas a dança, mas a aura das bailarinas.


Bailarina: Rafaela Céo
Foto: Marcio Braz
Local: SMU


Bom fim de semana a todos!

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Bailarinas do Cerrado, 2013.